A MULHER NA LITERATURA PORTUGUESA
No Sec. XIX os românticos idealizam muito a mulher ( Dulce, Joaninha, respectivamente em Herculano e Garrett) mas os autores de transicção para o Realismo (Camilo, Júlio Dinis) começam a observar atentamente a psicologia feminina.
Certas heroínas de Camilo, enérgicas, virís, umas na defesa de um amor puro, outras (mulheres "fatais" que são) na perfídia com que enredam os apaixonados, traduzem bem a realidade portuguesa; a Mariana do Amor de Perdição é uma figura bem castiça, a um tempo desenvolta, afeita a trabalhos, e capaz de ternura e humilde abnegação no amor.
Já diverge bastante o prisma queiroziano, segundo o qual a burguesinha lisboeta (essa "burguesinha do Catolicismo" que perpassa nos versos de Cesário) é o produto fútil e indefeso de uma educação errada.
Depois de Eça de Queiroz, em cuja obra, com audácia sem precedentes, se faz avultar a sensualidade feminina, cada vez as figuras de mulher, na prosa de ficção, suscitam mais detida análise, quer do ponto de vista individual, quer do ponto de vista social.
E para essa análise corajosa e reivindicadora notavelmente estão contribuindo as mulheres que cultivam as letras.
No século XX e principalmente nas últimas décadas, não só aumentou extraordinariamente o número de escritoras como as suas obras ganharam uma força original, uma independência de observação e de juízo que não têm precedentes, já na poesia, de Florbela Espanca, de Fernanda de Castro, de Sophia de Mello Breyner Andresen etc.
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