EXPLICATUDO

EXPLICATUDO

O que é a verdade?

O que é a verdade?

O "problema da verdade" poderá parecer um dos mais simples da teoria do conhecimento. Se dissermos a respeito de um homem "Ele acredita que Sócrates é mortal", e depois acrescentarmos "E o que é mais, a sua crença é verdadeira", então o que acrescentamos não é, certamente, mais do que isto: Sócrates é mortal. E "Sócrates é mortal" diz-nos tanto quanto "é verdade que Sócrates é mortal". Mas que aconteceria se disséssemos, a respeito de um homem, que algumas das suas crenças são verdadeiras, sem especificarmos que crenças? Que propriedade, nesse caso, estaríamos atribuindo à sua crença?

Suponha-se que dizemos: "O que ele está a dizer agora é verdade", quando acontece que o que ele está a dizer agora é o que nós estamos agora a dizer que é falso, seja lá o que for. Nesse caso, estaremos a dizer algo que é verdadeiro ou a dizer algo que é falso?

Finalmente, qual é a relação entre as condições da verdade e os critérios de evidência? Temos boas provas, presumivelmente, para pensar que existem nove planetas. Essa prova consiste em vários outros factos que conhecemos a respeito de astronomia, mas não inclui, em si, o facto de que existem nove planetas. Pareceria logicamente possível, portanto, que um homem tivesse boas provas para uma crença que, não obstante, é uma crença falsa. Significará isso que o facto de existirem nove planetas, se porventura for um facto, é realmente algo que não pode ser evidente? Deveríamos dizer, portanto, que ninguém sabe, realmente, se existem nove planetas? Ou deveríamos dizer que, embora seja possível saber que existem nove planetas, não é possível saber que sabemos existirem nove planetas? Ou as provas de que dispomos para acreditar que existem nove planetas garantem, de algum modo, que a crença é verdadeira e garantem, portanto, que há nove planetas?

Tais questões, e problemas como esses, constituem o tema da teoria do conhecimento. Um certo número deles, como o leitor já sentirá, é simplesmente o resultado de confusão; e, uma vez exposta a confusão, os problemas desaparecem. Mas outros, como este livro pretende mostrar, são um tanto mais difíceis de tratar.

Roderick Chisholm

Retirado de Theory of Knowledge (Prentice Hall, 1977)
Copyright © 1997–2005 criticanarede.com · ISSN 1749-8457
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01/12/2007
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