OS ESPOROS BACTERIANOS
Algumas espécies, particularmente as dos géneros Bacillus e Clostridium, apresentam uma forma de resistência, o endósporo, que permite a sobrevivência em estado latente, durante um longo período de carência ou outras condições adversas do meio.
O processo não envolve qualquer multiplicação; na esporulação, cada célula vegetativa dá origem a um único esporo e, na subsequente germinação, cada esporo produz uma só célula vegetativa. Desenvolvem-se, no esporo, certos antigénios específicos, que se não encontram nas formas vegetativas.
Esporulação: Embora fosse admitido que o esporo se forma espontaneamente, como estado intermédio do ciclo vital da bactéria, parece mais provável que constitua uma reacção desta ao esgotamento dos nutrientes, ou, pelo menos, à carência de uma substância limitante ( do ciclo vital ).
Efectivamente, não há esporulação enquanto as condições do meio permitem o máximo desenvolvimento vegetativo, mas ocorre quando se paralisa a multiplicação, como acontece no termo da fase logarítmica e princípio da fase estacionária, nos meios de cultura artificiais.
Em certas espécies, pode provocar-se a esporulação pela restrição no fornecimento dos nutrientes necessários ao desenvolvimento vegetativo, como sejam as fontes de carbono e energia, compostos de azoto, sulfatos, fosfatos ou sais de ferro; em contrapartida, o processo exige a presença de outros sais minerais, de potássio, magnésio, manganésio e cálcio, e condições favoráveis de humidade, temperatura, PH, tensão de oxigénio, etc.
O esporo forma-se no interior da célula mãe ( donde a designação de endósporo ) , a partir de uma porção de protoplasma próximo da extremidade ( o pré-esporo ), incorpora parte do material nuclear ( genético-ADN ) e adquire um revestimento espesso, o córtex, e ainda outro mais externo, fino mas resistente, a capa, formada por diversas camadas.
Os esporos de algumas espécies possuem uma camada adicional, aparentemente bastante frouxa, denominada exospório, com sulcos e pregas características, visíveis ao microscópio electrónico. Os mesossomas parecem intervir no desenvolvimento do endósporo e, provavelmente, na compartimentação do material nuclear.
O aspecto do esporo maduro varia consoante a espécie, podendo ser esférico, ovóide ou alongado, e ocupar uma posição terminal, subterminal ou central; pode também ser mais estreito ou mais largo do que a célula e, neste último caso, confere-lhe o aspecto bojudo. Finalmente, os restos da célula mãe desintegram-se e libertam o esporo.
Vitalidade: Os esporos resistem muito mais do que as formas vegetativas a todos os agentes químicos ou físicos nocivos, incluída a exposição aos desinfectantes, exsicação e aquecimento. Para os destruir é necessário expô-los a calor húmido, a 100º-120º C, por um período ( por exemplo, 10 minutos ) que, a 60º C destruiria as formas vegetativas.
Permanecem viáveis durante vários anos, quer no estado seco, quer em presença de humidade mas em condições desfavoráveis ao desenvolvimento, como no caso de insuficiência de nutrientes para manter um metabolismo vegetativo mínimo.
A grande resistência dos esporos tem sido atribuída a diversas características que os distinguem das células vegetativas: impermeabilidade do córtex e da camada externa ( capa ) elevada percentagem de cálcio e ácido dipicolínico, baixo teor de água ( 5 a 20%) e mínima actividade metabólica e enzimática.
Germinação: A germinação do esporo dá-se quando as condições de nutrição e humidade se tornam favoráveis ao desenvolvimento, em particular pelo que respeita a certos estimulantes. A germinação é irreversível e envolve rápidas alterações degradativas: o esporo perde sucessivamente a sua termo - resistência e o ácido dipicolínico; perde o cálcio, torna-se permeável aos corantes e varia a sua refrangilidade.
É muito mais difícil a germinação dos esporos submetidos a condições fortemente adversas ( aquecimento, etc. ) do que a dos normais. Por tal motivo o ensaio de esterilidade de materiais previamente expostos à desinfecção emprega meios de cultura particularmente ricos em substâncias nutritivas de forma a certificar a inexistência de esporos ainda dormentes.
No processo de germinação, o esporo intumesce, o seu córtex desintegra-se, fende-se o revestimento externo e emerge uma nova célula vegetativa.
Activação: Uma das características do esporo maduro é a sua inércia em relação a numerosos substractos exógenos, até que se inicie a germinação. Não se conhece bem a fase inicial desta, mas está demonstrado que pode alterar-se o grau de dormência dos esporos, à custa de diversos tratamentos, tais como breve exposição à temperatura de 80ºC, de modo que a germinação se processa mais rapidamente nas células individuais, ou mais completamente numa população de esporos. A alteração do grau de dormência é distinta da germinação, e reversível, quando esta última não continua. Denomina-se activação.
Revivência: Emprega-se este termo para designar a fase compreendida entre o começo da germinação e a formação da primeira célula vegetativa, antes da primeira divisão celular. As condições óptimas de revivência podem ser marcadamente diferentes das que determinam a germinação.
Demonstração: A forma do esporo, esférica ou ovóide, o seu tamanho, avaliado em relação ao facto de dilatar ou não o bacilo que o contém, e a sua posição no interior da célula ( central, subterminal ou terminal ) são características importantes, pelo que se refere à identificação de certas espécies bacterianas. A simples observação de que uma bactéria é "esporulada" limita a sua possível identidade às espécies de um numero muito reduzido de géneros.
CONÍDIOS ( EXÓSPOROS ) :- Algumas bactérias produtoras de micélios ( Actinomycetales = bactérias superiores, filamentosas ) elaboram conídios, formas de reprodução diferentes do endospóro, produzidos externamente, que se destacam da zona terminal das células mães ( conidóforos ) e são disseminadas pelo ar ou outras vias. Os conídios não são especialmente resistentes ao calor e desinfectantes.
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